A Boqueria é um destino tradicional para a maior parte dos turistas em Barcelona. Por alguma razão, a visão de frutos alinhados e de prateleiras construídas com feijão-verde parece atrair as gentes, que se limitam a comprar depois um sumo ou uma salada de frutas (uma dica: quanto mais longe da porta, mais baratos se tornam estes produtos; e estou a falar de diferenças que podem ir até metade do preço).
Este mercado, no entanto, constitui para mim uma espécie de Ramblas; onde toda a gente
de fora vai, mas onde os residentes quase não têm paciência de passar.
Assim, o mercado de Sant Antoni, dada a proximidade de casa, é o meu destino de eleição para comprar carne de melhor qualidade, fruta ou apenas espreitar as diversas bancas. Em primeiro lugar, a língua franca é o catalão, o que torna as coisas bem mais divertidas. Depois, é mais interessante ver a quantidade de produtos que se vendem aqui e que em Portugal não existem sequer: cogumelos de imensas variedades, anchovas, peixe seco, etc. Finalmente, a forma de comércio é claramente diferente: não se ouvem pregões; a maior parte dos talhos não vendem aves ou coelho (para isso existem as pollerias); a gama de produtos numa só banca de enchidos daria para se assemelhar à de um pequeno supermercado.
Por último, não queria deixar de referir a imensa febre dos carrinhos de compras que por aqui grassa: todos têm um daqueles carrinhos com rodas, que levam para todo o lado, e até tem honras de estacionamento nas entradas dos supermercados, com uma espécie de trela. São coisas feias, mas práticas – bem ao estilo catalão, portanto.
Nota: Não esquecer que aos domingos o interior do mercado de St. Antoni está encerrado, mas ao seu redor abre-se um autêntico mercado de raridades: revistas de banda desenhada, jogos de computador, cartas de Magic, cartazes de cinema, posters de música, vinis antigos... uma panóplia digna da Feira da Ladra, sem t5antas partes chatas de antiguidades.