Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2005
Enquanto não surgem coisas novas...
... aqui ficam duas sugestões.
Para ler, "O Complexo de Portnoy" de Philip Roth (Col. Sinais de Fogo, Bertrand Editora), um livro altamente divertido sobre um judeu que confessa as obsessões sexuais e as memórias da sua infância. Muito divertido!
Para ouvir, o último álbum dos James, "Pleased to Meet You" (2002). A confirmação de que eram uma excelente banda e que terminaram a carreira em grande estilo.
Segunda-feira, 10 de Janeiro de 2005
Concerto R.E.M. - 7/Jan/2005 - Pav. Atlântico, Lisboa
Este concerto começou por ser uma boa surpresa relativamente ao público que moveu. O Pavilhão Atlântico estava quase cheio, o que me surpreendeu, dado o facto de que este último álbum dos R.E.M. não parece ter o condão de atrair multidões. Ainda assim, são uma banda com um historial já bem firme, suficiente - pelos vistos - para encher salas, mesmo quando atravessam uma fase criativa menos fervilhante.
Musicalmente, o último álbum foi passado em revista em 7 temas, e em quase todos acabou por se sentir uma baixa no entusiasmo do público. Acabaram por se confirmar as minhas suspeitas de que este álbum não é dos melhores para audição em concerto. Pela positiva, destaco a interpretação sentida de "I wanted to be wrong", que Michael Stipe introduziu com um pequeno discurso sobre como não é fácil ser americano nos dias que correm. A faceta mais negativa na apresentação deste álbum registou-se em "Electron Blues", onde a banda não pareceu bem ensaiada na interpretação de um dos melhores temas do álbum.
A abertura do espectáculo foi bem escolhida, trazendo-nos "Departure" do álbum "New Adventures in Hi-Fi", que foi ignorado no concerto de há 6 anos. A competência da banda ficou bem evidente, como aliás não surpreende, na maioria dos outros temas. No entanto, ressalvo a maior discrição de Michael Stipe, que me fez sentir alguma pena - a performance em "What's the Frequency Kenneth?" foi apenas uma leve aparição do Stipe mais activo e frenético que eu gosto de ver.
Os pontos altos do espectáculo acabaram por ser os "clássicos-mais-clássicos" da banda, como "Losing my religion" ou "Everybody hurts", o que não abona em favor dos últimos trabalhos de Stipe, Mills e Buck. Pessoalmente, destaco as interpretações de "Drive" e "What's the Frequency Kenneth?".
O concerto trouxe-nos uns R.E.M. marcadamente mais políticos, mas menos enérgicos, o que comprometeu bastante o espectáculo. O aspecto mais memorável será certamente a componente visual, com um espectáculo de luzes sóbrio e de belos efeitos, e a inclusão de uma enorme tela que nos trazia a emoção do espectáculo conjugada com imagens de telediscos.
Em suma, um concerto interessante, mas que não ficará em muitas memórias, a não ser pelo aspecto visual e cénico.