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Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2006
Tom Waits - Orphans: Brawlers, Bawlers & Bastards (2006)


Tom Waits: Orphans (2006)

BRAWLERS
01. Lie To Me
02. LowDown
03. 2:19
04. Fish In The Jailhouse
05. Bottom Of The World
06. Lucinda
07. Ain't Goin' Down To The Well
08. Lord I've Been Changed
09. Puttin' On The Dog
10. Road To Peace
11. All The Time
12. The Return Of Jackie and Judy
13. Walk Away
14. Sea Of Love
15. Buzz Fledderjohn
16. Rains On Me

BAWLERS
01. Bend Down The Branches
02. You Can Never Hold Back Spring
03. Long Way Home
04. Widow's Grove
05. Little Drop Of Poison
06. Shiny Things
07. World Keeps Turning
08. Tell It To Me
09. Never Let Go
10. Fannin Street
11. Little Man
12. It's Over
13. If I Have To Go
14. Goodnight Irene
15. The Fall Of Troy
16. Take Care Of All My Children
17. Down There By The Train
18. Danny Says
19. Jayne's Blue Wish
20. Young At Heart

BASTARDS
01. What Keeps Mankind Alive
02. Children's Story
03. Heigh Ho
04. Army Ants
05. Books Of Moses
06. Bone Chain
07. Two Sisters
08. First Kiss
09. Dog Door
10. Redrum
11. Nirvana
12. Home I'll Never Be
13. Poor Little Lamb
14. Altar Boy
15. The Pontiac
16. Spidey's Wild Ride
17. King Kong
18. On The Road
19. Dog Treat (bonus track)
20. Missing My Son (bonus track)

Podia ser um disco de recolha de raridades e gravações esquecidas, mas não é. Podia ser uma revisão da sua carreira, como se esperaria dum músico com tão rico material criado e editado a lançar uma caixa de três CD neste momento. Mas não é. Podia ser apenas uma compilação de várias facetas exploradas pelo artista, habituado a vestir a pele das mais diversas personagens. Mas não é, também.

Orphans é tudo isso, e muito mais. Acima de tudo, é uma prova (mais uma!) da longevidade de Tom Waits, e de que a sua quase invulnerabilidade a más críticas não se deve a nenhum acaso. Poucos artistas poderiam agrupar temas tão diferentes e tão distantes no tempo, em termos de criação, e ainda assim tudo soar tão interessante e pouco desfasado. Mas a verdade é que Orphans consegue ser um bom resumo da carreira de Tom Waits, pois apesar de muitas das canções serem novas, e de nenhum dos temas ter sido editado em álbuns da sua discografia, cobre todo o espectro musical que o autor já percorreu.

É a sua voz, acima de tudo, que marca a divisão entre os três discos que compõem este lançamento: em Brawlers, grita sobre ritmos de blues e rock fortes e arrastados; Bawlers é o momento de crooner, contrabalançando uma voz profunda com melodias suaves, baladas e valsas repletas de lamentos; Bastards é o momento de recitar, de ser o actor/poeta/contador de histórias.


Numa apresentação exemplar, os três discos e o libretto de 94 páginas, que inclui fotos de Anton Corbijn e Jim Jarmusch, por exemplo, é uma peça fabulosa para qualquer um desejar ter na colecção.

Os créditos musicais incluem nomes como Joe Gore, Marc Ribot, Brain, Les Claypool e John Hammond, sendo natural verificarmos que a música de Tom Waits deve ser uma referência para tantos e tantos músicos das mais variadas áreas e estilos.



BRAWLERS

O disco do rock, do blues, um novo Mule Variations.

Destaques

“Lie to me” abre com um ritmo contagioso e uma letra brilhante, com o tradicional sentido de humor de Tom Waits: “slap me baby/give me all of your grief/I have no use for the truth”. Amor incondicional ou perverso? Ou será as duas coisas? Bem-vindos ao mundo real – e por isso, pleno de paradoxos.

“2:19” retrata um final de relação, após uma inundação. Genial a frase “were you drying your nails or waving goodbye?”.

“Fish in the jailhouse” é um relato dum prisioneiro que planeia fugir da cadeia com a ajuda duma espinha de peixe, e que exulta porque hoje a refeição vai ser… peixe! Hilariante!

“Bottom of the world” recupera as raízes do folk celta que Waits não se cansa de revisitar. Um relato divertido dum tema “on the road”: “My daddy told me, lookin back/the best friend you’ll have is a railroad track/so when I was 13 said, I’m rollin’ my own/and I’m leavin’ Missouri and I’m never comin’ home”, e assim começa a viagem desta personagem já tantas vezes revisitada. E tudo acompanhado duma base musical irrepreensível.

“Puttin’ on the dog” é um blues/jazz musicalmente brilhante. Apetece comprar um chapéu de feltro, preto, à malandro.

“Road to peace” é um panfleto político sobre a loucura do conflito Palestina/Israel: “the fundamentalist killing on both sides are standing in the path of peace/and tell me why are we arming the Israeli Army with guns and tanks and bullets/and if God is great/and God is good/why can’t he change the hearts of men/maybe God himself is lost and needs help/maybe God himself he needs all of our help”.

“The return of Jack and Judy” é uma cover dos Ramones, tornada num momento bem divertido. A voz de Tom Waits é deliciosa.

“Buzz Fledderjohn” é mais um caso de voyeurismo a inspirar um tema. Lembro-me sempre de “What’s he building?” do álbum Mule Variations, pelo significado do tema e não pela musicalidade.




BAWLERS

O disco das baladas, da suavidade crooner aliada à voz áspera de Tom Waits.

Destaques

“You can never hold back spring” é um tema composto especialmente para o filme “La Tigre e a Neve”, de Roberto Benigni, e é lindíssimo. Mais uma prova do brilhantismo do casal Tom Waits e Kathleen Brennan.

“Shiny things” é um bonito momento de poesia.

“If I have to go” é um tema delicioso, e que julgo só poder transmitir um pouco da beleza transcrevendo aqui a letra completa:

and if I have to go will you remember me
or will you find someone else while I’m away
there’s nothing for me in this world full of strangers
it’s all somebody else’s idea, I don’t belong here
and you can’t go with me, you’ll only slow me down
until I send for you, don’t wear your hair that way
and if you cannot be true I will understand
tell all the others you hold in your arms
that I said I’d come back for you
I’ll leave my jacket to keep you warm
that’s all that I can do
and if I have to go will you remember me
or will you find someone else while I’m away…

“Down there by the train” é um tema que foi escrito por Waits para Johnny Cash incluir num dos seus discos. Aqui, a versão do compositor é arrastada e intensa, como se esperaria.

“Danny says”, mais uma cover dos Ramones. É de gemer de prazer ao ouvir isto.

“Jayne’s blue wish” é uma pequena balada, mas de uma ternura incrível: “life’s a path lit only/by the light of those I’ve loved.”



BASTARDS


O disco do poeta, esquizofrénico, louco, teatral, bizarro, obscuro, experimental.

Destaques

“What keeps mankind alive” é a abertura perfeita, com o poema de Bertolt Brecht musicado por Kurt Weill. Logo em seguida, a récita de um excerto da peça Woyzeck, de Georg Büchner, em “Children’s story”.

“Army ants” é uma deliciosa leitura de textos sobre factos relacionados com insectos, com um fundo instrumental a ajudar ao ambiente bizarro.

“Dog door” é fruto da colaboração de Tom Waits com os Sparklehorse, resultando num tema com loops e sintetizadores bastante interessante, a simbolizar a evidente capacidade de Tom Waits se reinventar e modernizar-se sem necessitar de prescindir de qualquer das suas capacidades.

Dos dois temas de bónus deste disco, tenho de destacar “Missing my son”, uma história fantástica que Tom conta de uma maneira imperdível.

*****************

Em suma, diria que é um dos melhores discos deste ano de 2006, e que qualquer pessoa que não conheça ainda a obra deste senhor, poderá ter aqui uma boa porta de entrada. Para os que já conhecem, é uma delícia poder ouvir todos estes temas num disco tão bem apresentado, e assim ter todas as facetas de Tom Waits compiladas num só álbum.

Para quem quiser conhecer um pouco mais sobre este grande senhor da música, podem consultar um a biografia que eu mesmo escrevi em http://www.forumusica.com/forum/index.php?showtopic=6180&hl=
publicado por ladoc às 21:00
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