Faces ocultas que se revelam, mas apenas por partes. Nunca mostramos totalmente quem realmente somos, mesmo para nós próprios.
Temos medo. Falta-nos tempo. Somos ignorantes nas artes do autoconhecimento. Preferimos olhar e criticar os demais. Estamos tão ocupados no dia-a-dia que nos esquecemos de pensar no importante. Optamos por não pensar, aproveitando as pausas dos afazeres diários para desligar. Ou para nos ligarmos, mas apenas a fontes de informação. Viciamo-nos na recepção de toda essa informação, que nos entope, nos põe dormentes e nos aliena da verdadeira realidade.
Juntamos todas estas alternativas, ou agrupamo-las periodicamente.
Perdemos a noção da riqueza dos nossos sentidos, e quando assistimos a fenómenos da Natureza – claro que perfeitamente naturais – ficamos embasbacados, por estarmos habituados a um certo torpor nos nossos cinco sentidos.
No entanto, tem algo de conforto, esta dormência; uma espécie de droga, que nos permite passar (mais) um dia sem precisarmos de de nos expor, mantendo as nossas faces ocultas. Através da criação de outras, ou apenas passando a ser mais um sem-rosto na multidão.